Coisas de outros tempos

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segunda-feira, março 06, 2006

O Super 8


A história dos filmes «caseiros» poderá ser datada de 1923, numa altura em que o formato inicial de 35 mm era pouco adequado para este cinema doméstico, para além da sua inflamabilidade tornar perigoso manejá-lo ou armazená-lo, quando a empresa Eastman Kodak Company apresentou um formato mais reduzido, o 16 mm Cine Kodak. Em 1932, a mesma empresa introduziu o Cine Kodak Eight, de 8 mm, que só viria a ser subtituído pelo formato Super 8 em 1965, tornando-se extremamente popular durante a restante década de 60 e década de 70.

O carregamento era simples, já que se processava através de uma cassete que era introduzida na câmara de filmar, não havendo o risco de tocar na película e assim a danificar, nem muito menos as partes mecânicas da câmara durante esta fase, para além de se tornar barato e acessível a grande parte das bolsas. O formato desta película era idêntico ao de 8 mm, com perfurações de um dos lados, mas aumentando a área da película que seria exposta à luz. As cassetes possuíam um pouco mais de 15 metros de película (50 pés), o que dava para cerca de 3 minutos e 20 segundos a 18 fps (frames per second ou imagens por segundo), havendo a possibilidade de estas cassetes de película serem fornecidas com banda sonora sincronizada a partir de 1973, já que, até então, a película não possuía esta característica, se bem que isto implicava a captação de imagens a 24 fps. Muitas vezes a revelação do filme estava já incluída no preço de aquisição dos rolos, se bem que esta por vezes fosse algo demorada.

Mas antes desta data tinham-se já vulgarizado os projectores de Super 8, bem como as vendas de filmes nestas versões, que podiam ser projectados no conforto de casa. Na grande maioria dos casos, tratava-se de curtas-metragens, desde o cinema mudo até aos filmes de animação com personagens Disney, ou Tom & Jerry e companhia, havendo casos em que se comercializava versões editadas das grandes metragens, em apenas uma ou mais bobinas de filme que podiam ser unidas em bobinas maiores para serem projectadas de forma contínua caso o utilizador desejasse, ou então mudadas quando a primeira chegasse ao fim. Muitos dos projectores mais modernos possuiám ainda uma ligação a um sistema de som, que podia ser colocado perto do ecrã, para que a banda sonora não surgisse vinda de trás, directamente do projector.

Os cineastas amadores tinham ainda uma panóplia de acessórios, desde mesas de montagem, guilhotinas próprias para cortar e colar a película, o que frequentemente provocava cortes no som, já que este era directamente captado na película na altura da filmagem, muito embora houvesse também soluções para a edição posterior da banda sonora.

Com o advento do vídeo e, mais recentemente, da informática e das filmagens digitais, o Super 8 tende para o desaparecimento, havendo contudo ainda uma pequena legião de fãs que continua a utilizar este formato, sendo ainda possível adquirir bobinas de filme para máquinas Super 8; no entanto, a venda de filmes neste formato desapareceu por completo, tal como aconteceu ao cerimonial de abrir o ecrã, de preparar o projector e colocar o filme, e ao momento mágico em que as luzes se apagavam e a fita começava.

Aqui ficam algumas imagens desses tempos.

















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