Coisas de outros tempos

Depositório de imagens (e alguns textos) de coisas várias

segunda-feira, fevereiro 28, 2005

As Farpas


Uma das mais conhecidas e mordazes publicações satíricas de finais do século XIX é, sem sombra de dúvida, As Farpas, escritas por Eça de Queirós e Ramalho Ortigão, e publicadas em fascículos entre Maio de 1871 e Novembro de 1872, momento em que Eça abandona a publicação, que continua a ser escrita apenas por Ramalho, e que terá continuidade até 1882.

Nos textos aí publicados pode observar-se um conjunto de críticas sociais e de costumes, que tinham sobretudo como alvo a vida política de então, que pretendiam, através destes apontamentos, modificar e regenerar.

A reprodução aqui incluída refere-se à capa, à contracapa e à folha de rosto do primeiro fascículo, editado, como pode observar-se, em Maio de 1871, e impresso na Typographia Universal, tendo 96 páginas, excluindo as capas, e as dimensões de 14,4 x 11,3 cm, aproximadamente. Custava 200 réis. Os fascículos podem ser vistos em páginas da Biblioteca Nacional.




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sexta-feira, fevereiro 25, 2005

Com um abraço à Vareta Funda


Os nossos agradecimentos à Vareta Funda, particularmente à Nuíta, pelo destaque no Vareta deste nosso modesto contributo para obviar aos esquecimentos das coisas que já não há:

«A blogosfera está prenhe de gente generosa. Gente que, a troco de nada, partilha o que tem com quem nem conhece, dando-se ao trabalho de colocar à nossa disposição informação que de outro modo não obteríamos, pelo menos não com a facilidade de um clique. Desta vez descobri um blogue que publica Coisas de Outros Tempos - cópias de documentos muito interessantes, que vão desde uma Licença Anual para Acendedores e Isqueiros de 1970, até um Cartão de Identidade da Mocidade Portuguesa ou O Guia Oficial da Exposição do Mundo Português em 1940, todos os documentos são enquadrados por textos rigorosos e links relacionados.
Ora espreitem lá, e já agora, o mesmo autor tem outro blog igualmente interessante para quem tem a Mania dos Quadradinhos

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Regulamento dos Chafarizes de Lisboa


Não encontrei ainda uma fonte segura de informação acerca do número exacto de chafarizes existentes em Lisboa. Sabe-se que, na época de D. João V, por altura da construção do Aqueduto das Águas Livres, ou pouco depois, existiam 64 chafarizes na cidade de Lisboa, alguns propositadamente edificados para aproveitar o abastecimento de água à cidade que o aqueduto iria propiciar, nomeadamente o Chafariz das Amoreiras, o de Entrecampos, o das Janelas Verdes, da Estrela, do Rato, do Carmo, da Esperança, etc., que eram frequentados por lavadeiras, já que alguns possuíam tanques para lavagem de roupa e, sobretudo, pelos aguadeiros. Estes tinham obrigatoriamente que inscrever-se e obter uma licença, que era passada pela Câmara da cidade, sendo também compelidos a ostentar uma medalha ao peito com as armas da Câmara, os seus números e os números da companhia e chafariz a que pertenciam, a qual teria que estar a descoberto (assim reza o artº 15º). Os aguadeiros eram ainda obrigados a auxiliar a população em caso de incêndio e deviam por isso levar para casa um barril cheio de água para as emergências. Só em 1880 terá tido início um abastecimento urbano e domiciliário de água, já proveniente do rio Alviela, após a construção da Estação Elevatória dos Barbadinhos e do Aqueduto Alviela.

A Mãe d'Água, sita ao Largo das Amoreiras, cuja construção terá terminado em 1834, e o Reservatório da Patriarcal, junto ao Jardim do Príncipe Real, concluído em 1864, propiciavam o necessário armazenamento da água transportado através do Aqueduto das Águas Livres, cuja obra foi dada por completamente pronta apenas em 1799, tendo sido custeada em boa parte pelos impostos da água que eram cobrados aos aguadeiros ou, de uma maneira geral, ao povo de Lisboa.

Em fontes consultadas sobre tempos mais actuais, no site Páginas de Lisboa, é apontado o número de 56 chafarizes ainda existentes em Lisboa. Sobre a Mãe d'Água, existem informações interessantes em páginas sobre Histórias da Mãe d'Água, podendo ainda ser consultadas páginas relativas ao abastecimento de água em Portugal no Guia da Água e no Centro Nacional de Cultura. Sobre os chafarizes de Lisboa existe uma obra de Jorge Cruz Silva e Joaquim Oliveira Caetano intitulada Chafarizes de Lisboa, datada de 1991 e publicada pela Distri.

A reprodução que aqui incluimos é do Regulamento Para os Chafarizes da Cidade, datado de 1852 e publicado em Lisboa na Imprensa Silviana. É um pequeno opúsculo (10,4 x 7,6 cm) que consta de 32 páginas e contém 60 artigos, tendo sido aprovado em reunião de Câmara a 7 de Outubro daquele ano.






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quinta-feira, fevereiro 24, 2005

Acções da Companhia Portuguesa de Filmes


A história da Companhia Portuguesa de Filmes mistura-se com a da Tobis Portuguesa (antes Tobis Klang Film), havendo quem considere que este última passou a assumir esta designação em 1944, embora nos pareça existir aqui alguma confusão. A produtora aparece ligada, já em 1933, ao documentário Parada do 28 de Maio de 1933 e depois ainda a O Costa do Castelo, em co-produção com a Tobis Portuguesa e Sonoro Filmes. Em 1944 produz A Menina da Rádio.

Os documentos que aqui apresentamos são um título de 5 acções da Companhia Portuguesa de Filmes, datado de 1945, e um aviso de subsrição de acções da Companhia Portuguesa de Filmes Sonoros / Tobis Klangfilm, de 1932.

Título de 5 acções da Companhia Portuguesa de Filmes, de 1945.

Aviso de subscrição de acções para a Companhia Portuguesa de Filmes Sonoros, de 1932.

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quarta-feira, fevereiro 23, 2005

Discos de 45 rotações - os «singles» e os «ep's»


Foi em 1948 que a empresa Columbia conseguiu fabricar um disco de vinil que rodava a 33 rotações por minuto (rpm), em vez dos anteriores, que rodavam a 78 rpm, conseguindo assim armazenar cerca de 25 minutos de música em cada uma das faces.

Mas a empresa RCA Victor, rival da Columbia, produziu logo de seguida o disco de vinil de 45 rotações, os quais conseguiam armazenar o mesmo tempo de som do que os de 78 rotações, que assim acabaram por substituir, além do facto de serem de menor dimensão e por isso mais comercializáveis.

A popularidade destes discos de 45 rpm aconteceu com o rock and roll, já que este formato era o preferido dos jovens, que se haviam tornado grandes consumidores de música. A era dos Beatles foi a época de ouro deste formato, em que um disco precisava de vender cerca de 750 mil cópias para atingir o primeiro lugar nas tabelas de vendas.










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terça-feira, fevereiro 22, 2005

Guia Oficial da Exposição do Mundo Português


A porta da Fundação
A Exposição do Mundo Português foi inaugurada pelo Presidente do Conselho Oliveira Salazar, pelo Presidente da República Óscar Carmona e pelo Ministro das Obras Públicas Duarte Pacheco, acompanhados por outras personalidades, como o Cardeal Gonçalves Cerejeira, a 2 de Junho de 1940 e é por muitos considerada o auge do Estado Novo, aproveitando o facto de nesta data se celebrarem as Comemorações do Duplo Centenário da Fundação e da Restauração (1140-1640-1940).

A entrada custava dois escudos e cinquenta centavos e o seu encerramento ocorreu a Dezembro desse mesmo ano.

O Arquitecto-Chefe foi Cotinelli Telmo, e o Comissário-Geral foi Augusto de Castro e Comissário-Adjunto Sá e Melo.
Contribuiu para a renovação de uma parte da área ribeirinha de Lisboa na zona de Belém, e dela ainda restam edifícios e monumentos. Tinha três secções, uma de cariz histórico, outra de raiz colonial e uma terceira etnográfica, havendo um único país convidado, o Brasil, que possuía um pavilhão próprio. Os pavilhões nacionais ilustravam momentos da história de Portugal, desde a fundação da nacionalidade, havendo ainda reprodução de aldeias indígenas no Jardim do Ultramar, que funcionava como um anexo à Exposição, sobre a qual existe um documentário realizado por António Lopes Ribeiro intitulado A Exposição de Mundo Português. Pode ler-se um interessante texto de Lucinda Canelas sobre este evento e a Expo 98 aqui.

Capa do Guia OficialContra-capa do Guia Oficial

Mapa desdobrável que se encontra no Guia Oficial

segunda-feira, fevereiro 21, 2005

Boletim da Legião Portuguesa


A Legião Portuguesa, criada através do Decreto-Lei nº 27 058, de 30 de Setembro de 1936, sob proposta de Jorge Botelho Moniz, que para isso utilizou o argumento da ameaça comunista em Espanha, constituía uma força militarizada, de tipo milícia, cujo objectivo era «defender o património espiritual da Nação» e a ameaça comunista, pautando grande parte da sua acção pela perseguição e repressão a todas as forças que se opunham ao regime salazarista, possuindo uma vasta rede de informadores e serviços de informação específicos que actuavam em estreita colaboração com a polícia política do regime, a P.I.D.E./D.G.S.

Por altura da II Guerra Mundial foi a única entidade portuguesa a apoiar o regime hitleriano.

Tal como a Mocidade Portuguesa, foi extinta após o 25 de Abril de 1974, pelo Decreto-Lei nº 171/74, de 25 de Abril.

Esta organização publicava um Boletim mensal, de que aqui deixamos este número, o nº 45, de Maio de 1941.


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Desculpas


Pelo facto de a introdução da Haloscan ter apagado os comentários que aqui existiam até esta data, peço as minhas sinceras desculpas.

domingo, fevereiro 20, 2005

A Mocidade Portuguesa


A Mocidade Portuguesa foi criada em 11 de Abril de 1936 (dois anos depois era criada a secção feminina), à semelhança das juventudes fascistas de Mussolini e hitleriana de Hitler e destinando-se a todas as crianças e jovens, tentando neles inculcar os valores nacionalistas e patrióticos do Estado Novo, sendo de inscrição obrigatória.

Após o 25 de Abril de 1974, o decreto-lei nº 171/74, de 25 de Abril, extingue esta organização, bem como a Direcção-geral de Segurança e a Legião Portuguesa:

«Tendo a Junta de Salvação Nacional assumido os poderes legislativos que competem ao Governo, decreta, para valer como lei, o seguinte:
ARTIGO 1º
1. E extinta a Direcção-Geral de Segurança, criada pelo Decreto-Lei n.º 49 401, de 24 de Novembro de 1969.
2. No ultramar, depois de saneada, reorganizar-se-á em Polícia de Informação Militar, nas províncias em que as operações Militares o exigirem.
ARTIGO 2º
É extinta a Legião Portuguesa, criada pelo Decreto-Lei n.º 27 058, de 30 de Setembro de 1936.
ARTIGO 3º
São extintas a Mocidade Portuguesa e a Mocidade Portuguesa Feminina, criadas pela Lei n. 1941, de 11 de Abril de 1936, actualizada pelo Decreto-Lei n. 486/71, de 8 de Novembro.
[...]»

A Mocidade tinha um Regulamento, possuía hino, fardamento próprio, uma hierarquia de comando, e promovia diversas actividades nas escolas, entre as quais se contam a edição de revistas, nomeadamente de quadradinhos, Lusitas, Pisca-Pisca, Fagulha.

Hino da Mocidade Portuguesa masculina:
Lá vamos, cantando e rindo, / levados, levados, sim, / pela voz do som tremendo / das tubas, clamor sem fim. / Lá vamos, que o sonho é lindo, / torres e torres erguendo, / rasgões, clareiras abrindo, / alvas de luz imortal, / roxas névoas despedaçam, / doiram o céu de Portugal. / Querer, querer, e lá vamos, / tronco em flor estende os ramos / à mocidade que passa.

Hino da Mocidade Portuguesa feminina:
Mocidade lusitana, / herdeira de Portugal, / esta herança nos foi dada / para ser por nós guardada / e para a guardar vivemos, / de armas na mão os varões, / e nós sendo as sentinelas / das mais lusas tradições. / Olhai que no seu posto / de lusitanas vigias / a missão destas fileiras / não é nas liças guerreiras, / é nas lides salvadoras, / é a lembrar à nação / que tem as chagas de Cristo / nas quinas do seu brasão. / Arraial ó lusas gentes / arraial arraial arraial / arraial que alerta está / quem por bem salvará Portugal.


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sexta-feira, fevereiro 18, 2005

Licença de isqueiro


Em Novembro de 1937, o Decreto-lei nº 28219 estabelecia que qualquer cidadão, para poder utilizar isqueiros (ou outro tipo de acendedores) em público, tinha que possuir uma licença. Esta era passada por uma Repartição de Finanças, era nominal, o que significava que um mesmo isqueiro não podia ser utilizado por outra pessoa sem que esta tivesse uma licença para o utilizar. E não era nada barata, pelo que se pode avaliar do imposto do documento e dos selos.

Muito provavelmente, este licença destinava-se a incentivar a utilização de fósforos, já que esta era uma indústria «nacional», ao contrário da que fabricava os referidos isqueiros. Se alguém não apresentasse a referida licença ao ser interpelado por um «fiscal de isqueiros» ou por um polícia, sujeitava-se ao pagamento de uma multa e à apreensão do acendedor. Note-se no verso do documento a referência aos «delinquentes».

Este decreto veio a ser abolido em 1970, pelo que o exemplo das imagens terá sido dos últimos a vigorarem.




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A abrir...




C
O
I
S
A
S

DE OUTROS
TEMPOS


Este blogue destina-se a imagens de documentos de tempos
que já lá vão. Serão coisas variadas. Apenas para recordar.
por COISAS
DE OUTROS TEMPOS


quinta-feira, fevereiro 17, 2005

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